A volta do mundo
Um nome é destacado como ícone nesse processo de virada histórica da capoeira, Mestre Bimba, o primeiro a exercê-la como um ofício. Aquele que garantiu pela via oficial o direito de ensiná-la, um precursor das lições que fariam com que a “vingança histórica” da capoeira se realizasse: ser hoje solicitada para solucionar mazelas sociais das quais no passado era tida como causadora.
Ao enquadramento da capoeira com crime no Código Penal, seguiram-se outras medidas de ordem policial concretizadas na prisão dos principais capoeiras do Rio e sua imediata deportação para a ilha de Fernando de Noronha, que funcionava como uma colônia penal. Essas ações repressivas foram determinantes para que a tradição da capoeira carioca perdesse força de continuidade e praticamente desaparecesse. Alguns membros que escaparam da repressão encontraram sobrevida no meio da malandragem boêmia – no samba e no carnaval. Em Pernambuco, por razões ainda não bem estudadas, a capoeira no mesmo período entra em decadência e, como manifestação, encontra salvaguarda, moldando os passos vigorosos do frevo, manifestação cultural pernambucana. Enquanto isso, a tradição baiana ganha maior vitalidade, mesmo tendo experimentado, ao longo do século XIX, momentos de repressão e sendo ações dos seus capoeiras interpretadas como equivalentes às do Rio de Janeiro. Mas, historicamente, os capoeiras baianos surpreenderam com outras ações diretamente dirigidas para a preservação e continuação da capoeira como uma manifestação artística, um divertimento, uma oportunidade para vadiar (folgar, brincar, divertir-se), mesmo sem eliminar suas possibilidades como defesa pessoal. Assim, eles desenvolveram relações de afetividade e procuraram afirmá-la socialmente, usando como um dos instrumentos para isso fazê-la presente no calendário das festas populares da Bahia e transformando-a num divertimento ao agrado do povo baiano. A responsabilidade por essas ações pertence a uma geração de mestres que, apesar de ter permanecido praticamente anônima, foi responsável pela formação, a partir dos anos 30, de mestres na arte de civilizar. Eles vão modificar os modos e maneiras de comportamento dos capoeiras: refinar sua forma de jogar; acentuar os aspectos socializadores da prática, historicamente inerentes a essa manifestação, mantidos mesmo quando vigoraram os momentos conturbados; atribuir-lhe valores e efeitos socioeducativos; e fazer com que a capoeira se destacasse como um símbolo de identidade nacional. Dessa forma, estavam estabelecidas as bases para transformar a criminalização da capoeira numa incongruência do Código Penal. Um nome é destacado como ícone nesse processo de virada histórica da capoeira.
Mestre Bimba
o primeiro a exercê-la como um ofício. Aquele que garantiu pela via oficial o direito de ensiná-la, um precursor das lições que fariam com que a “vingança histórica” da capoeira se realizasse: ser hoje solicitada para solucionar mazelas sociais das quais no passado era tida como causadora.
Mestre Bimba
o primeiro a exercê-la como um ofício. Aquele que garantiu pela via oficial o direito de ensiná-la, um precursor das lições que fariam com que a “vingança histórica” da capoeira se realizasse: ser hoje solicitada para solucionar mazelas sociais das quais no passado era tida como causadora.
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